
Capacidade de energia renovável
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Estresse hídrico
OBSERVAÇÕES
O gráfico mostra o estresse hídrico em azul (maior estresse hídrico = azul mais claro, menor estresse hídrico = azul mais escuro), e em laranja, a capacidade instalada de energia renovável. Atualmente, 1,7 bilhão de pessoas vivem em situação de escassez de água. E, além disso, em 2019, a capacidade total de energia renovável mundial atingiu a marca de 2.533 gigawatts, representando 34,6% da capacidade total de energia global. Assim, é possível observar que boa parte dos países que lidam com a falta de água potável para a população são os que possuem maior disponibilidade de energia renovável.
O Brasil enfrenta uma grave crise hídrica, que é causada pelo prolongamento do período de estiagem, redução do regime de chuvas e baixa vazão dos rios, fazendo com que as principais hidrelétricas do país sofram e alcancem níveis baixos ou mesmo críticos, e isso afeta a energia produção no país, já que para abastecer sua principal fonte de energia é necessário recorrer a outras alternativas mais caras, como a geotérmica, que determina os valores das contas de luz.
Além do crescimento exponencial do agronegócio no Brasil, estima-se que anualmente 4,5 milhões de hectares de florestas sejam derrubados ilegalmente para a expansão do setor. Além disso, atualmente, segundo a FAO, o consumo agrícola corresponde a 72% do total de energia utilizada no país e 60% de toda a água utilizada na irrigação é desperdiçada.
Nos próximos 20 anos, só o consumo de água aumentará 30%. Será preciso produzir 50% a mais de alimentos e o fornecimento de energia terá que crescer 45%. As economias estão vacilando. A desigualdade está crescendo. E as temperaturas globais continuam subindo.
E a água doce e potável, por ser um recurso limitado, com crescente poluição e crescimento no setor primário, esse recurso está se extinguindo, fazendo com que seu acesso seja cada vez mais desigual e a população mais pobre prejudicada pela falta de água potável.
Embora uma parte do Brasil ainda não esteja lidando diretamente com o colapso climático, os povos indígenas do Alto Solimões não têm acesso a água potável, enquanto no nordeste do Pará os indígenas sofrem com o excesso de chuvas e, no semi-árido da Bahia, a seca o fez. impossível colher milho este ano. Em território Pancararé, por exemplo, nenhuma espiga era colhida. Essas dificuldades não são inteiramente novas. Mas a intensidade e a frequência desses eventos foram extremas com as emissões de gases de efeito estufa.
A compreensão de que os eventos climáticos afetam diferentes grupos sociais de diferentes maneiras e intensidades cunhou o termo justiça climática. Segundo especialistas, os casos de injustiça climática estão relacionados aos efeitos de processos de desertificação, elevação do nível do mar, eventos climáticos extremos, como chuvas fortes, ondas de calor, entre outros - e revela que as pessoas e países mais afetados são aqueles que contribuíram para a menos às mudanças climáticas.
Olhar para as mudanças climáticas no Brasil é observar também as severas mudanças causadas na alimentação e no modo de vida dos indígenas. Uma vez que a insegurança alimentar entra em jogo, a ansiedade, a preocupação e o medo aumentam. Segundo a tese "Mudou a Natureza: Mudanças Climáticas e Transformações no Modo de Vida da População do Baixo Rio Negro, Amazonas", as comunidades ribeirinhas são "altamente sensíveis a essas transformações, pois os ciclos hidroclimáticos sazonais regem seu cotidiano, integram seu cotidiano modos de vida com o meio ambiente e determinam a organização dos calendários sociais e agrícolas ”.
Aumentada pela crise climática, a falta de segurança alimentar aumenta o sofrimento mental. Vanda Witoto, líder indígena e técnica de enfermagem, mora na comunidade do Parque das Tribos, em Manaus, e relata o impacto das enchentes na produção de alimentos dos povos indígenas. “Quando você tem essa insegurança alimentar, é uma preocupação de quem tem filho. As pessoas ficam angustiadas ao ver toda a sua horta no fundo da água ”, enfatiza. A vários quilômetros de distância, subindo o rio Solimões, a realidade é outra. A aldeia onde nasceu Vanda, localizada entre Santo Antônio do Içá e Amaturá, não tem água potável.
NO BRASIL
INTERPRETAÇÕES
O alagamento de grandes áreas para construção de hidrelétricas, por exemplo, destrói ecossistemas locais e quebra as dinâmicas sociais, culturais e naturais das comunidades que habitam esses espaços, mas tudo se justifica em termos de “progresso nacional”. As estradas também são obras de infraestrutura que apresentam esse desafio, pois interrompem a continuidade de áreas da Natureza e, portanto, interferem na dinâmica de distribuição espacial da fauna e da flora. Além da narrativa de avanços, há também a negação dos direitos dos povos indígenas, principalmente pela não demarcação das terras indígenas, o que impede a sobrevivência desses povos - o que Davi Kopenawa e Bruce Albert (2019) entendem como um grande problema para a preservação do meio ambiente, pois a destruição dos povos “protetores da floresta” significa uma devastação da Natureza em tamanha escala que tem implicações não só para esses povos, mas também para aqueles que cometeram tais violências (brancos).

O estresse hídrico pode ser causado pela falta de água em termos naturais e, principalmente, pela ação antrópica, ou seja, pela má preservação e gestão dos recursos hídricos. Essa escassez ocorre quando a demanda por água é maior do que sua disponibilidade e afeta o desenvolvimento da região, pois impede o desenvolvimento da agricultura e a industrialização em áreas onde não há disponibilidade de água para uso. No entanto, o crescimento econômico também é responsável pelo estresse hídrico, já que no século passado o consumo de água aumentou quase 300%, isso se deve ao desenvolvimento industrial, que representa 21% do consumo de água, e ao agronegócio, setor que representa o maior dispêndio mundial , aproximadamente 67%. Portanto, quanto maior a dependência de um país de seu setor primário e secundário, maior é o uso de água. E, conseqüentemente, quanto maior a dependência, maiores são os setores, e isso significa que mais áreas foram desmatadas para benefício da agricultura ou pecuária, e mais poluição é emitida devido ao maior número de indústrias. Essa questão, além do consumo, contribui para o aquecimento global e mudanças nos padrões de chuvas, eventos que geram o fenômeno da desertificação, que ocorre quando os desertos se formam em locais áridos e semiáridos por falta de chuvas.

Conforme mencionado acima, é comum que países com setores primários e secundários desenvolvidos apresentem estresse hídrico, portanto, para o abastecimento desses setores é necessária a produção de energia, que, muitas vezes, quando não provém da queima de carvão, é proveniente de fontes renováveis de maior custo de produção, como as hidrelétricas, geralmente restritas a países com maior circulação de capital. Estados Unidos, Brasil e China, três países com alto estresse hídrico, possuem as maiores hidrelétricas do mundo, que cobrem boa parte de seus custos de energia. Porém, com a redução do regime de chuvas, o prolongamento do período de estiagem e as mudanças climáticas causadas pelo efeito estufa, os reservatórios sofrem com o esvaziamento, reduzindo a capacidade de fornecimento de energia à população, o que aumenta o custo da energia. energia e na busca de outras alternativas para suprir a carência de usinas hidrelétricas, como a geotérmica, de alto custo, e a energia proveniente de combustíveis fósseis.