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Temperatura x dióxido de carbono

O mapa que montamos com os dados da NASA mostra a quantidade de emissões de carbono destacadas em verde (mais alto) para azul (mais baixo) e, em pontos vermelhos (mais alto) para pontos azuis (mais baixo), a mudança de temperatura. Embora a temperatura média global tenha aumentado em aproximadamente 1,2 graus Celsius desde 1880, os últimos 45 anos foram responsáveis por dois terços desse aumento. A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), a Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço (NASA) e o Escritório Meteorológico do Reino Unido (UK Met) usaram dados detalhados da estação de 1800 para analisar essas mudanças e todos confirmaram o aquecimento do nosso planeta.

A temperatura na Terra varia significativamente a cada dia e está ficando mais quente. Por meio de satélites e balões meteorológicos, dezenas de milhares de observações de temperatura são capturadas em todo o globo, na terra e no mar. As estações terrestres usam essas leituras diárias para criar uma média mensal, que é então enviada para uso por pesquisadores do clima. Esses números são usados para calcular a temperatura média global.

O instituto Germanwatch apresentou os resultados do Índice de Risco Climático Global (IGRC) em 2020 durante a COP25 em Madrid. De acordo com essa análise, com base nos impactos de eventos climáticos extremos e nas perdas socioeconômicas que eles causam, Japão, Filipinas e Alemanha são atualmente os locais mais afetados pelas mudanças climáticas.

Usando dados da NASA, é possível entender alguns pontos críticos de injustiça ambiental e a carga desproporcional que a taxa de emissão de dióxido de carbono e a temperatura da Terra afetam diferentes lugares.

JAPÃO

De acordo com os dados da NASA que coletamos para construir o mapa, é possível observar que o Japão é um país que não emite muito dióxido de carbono na atmosfera em relação a outros países ao redor do globo. Porém, de acordo com estudos do instituto Germanwatch, o Japão é o país que mais sofre e ainda sofrerá com esse aumento da temperatura global. As fortes chuvas, a onda de calor, o terremoto de Osaka e o tufão Jebi, que devastou o Japão em 2018, tornaram o país o país mais ameaçado do mundo pelas mudanças climáticas. A meteorologia foi responsável por 1.282 mortes no país - 1,01 por 100 mil habitantes -, além de 35,839 bilhões de dólares em perdas econômicas e uma queda de 0,64% no Produto Interno Bruto (PIB) per capita.

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FILIPINAS

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Analisando os dados da NASA junto com as observações de humanidades e estudos ambientais, concluímos que outro foco de carga ambiental desproporcional está vindo em nossa direção. A passagem do tufão Mangkhut pelas Filipinas em 2018 afetou mais de 250.000 pessoas em todo o país, deixando pelo menos 59 mortos em chuvas torrenciais. De acordo com o observatório Germanwatch, os fenômenos extremos causaram 455 mortes no país naquele mesmo ano - 0,43 por 100 mil habitantes - e mais de 4,54 bilhões de dólares em perdas econômicas e uma queda no PIB per capita de 0,48%.

ÍNDIA

O subcontinente indiano também sofreu grandes danos causados pelo calor extremo, inundações e tempestades de areia, entre outros desastres naturais devastadores. Em 2018, causaram mais de 2.000 mortes - 0,16 por 100.000 habitantes -, perdas de 37,807 bilhões de dólares e uma redução do PIB per capita de 0,36%.

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As emissões de dióxido de carbono (CO2) são uma das principais causas das mudanças climáticas. Informações precisas sobre as emissões de CO2 são críticas para compreender o impacto humano nas mudanças climáticas e na poluição do ar. O conjunto de dados Carbon Monitor foi criado como a primeira estimativa das emissões diárias de CO2 para seis setores diferentes, incluindo energia, transporte terrestre, produção industrial, consumo residencial e transporte marítimo e de aeronaves. Este conjunto de dados é especialmente relevante para a compreensão dos efeitos ambientais do COVID-19 e mostra uma queda nas emissões à medida que os bloqueios foram instituídos.

UM NO BRASIL?

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INTERPRETAÇÃO

A emissão de carbono na atmosfera está diretamente ligada ao efeito estufa. Entre as fontes mais significativas de emissões de CO2 estão o desmatamento, a queima de combustíveis fósseis, agricultura, energia, indústrias e resíduos. No Brasil, o desmatamento na Amazônia é o principal responsável pelo alto nível de emissões de carbono. A densa floresta armazena bilhões de toneladas de CO2. Sua devastação faz com que o carbono vá direto para a atmosfera e ali, sua espessa camada impede a saída da radiação solar, formando uma bolha de calor.
As alterações climáticas e a chamada “poluição por nutrientes” estão a reduzir a concentração de oxigénio nos oceanos e a colocar em risco a existência de várias espécies marinhas. Essa é a conclusão de um dos maiores estudos já realizados sobre o tema, realizado pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e divulgado neste sábado na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, COP 25, que acontece em Madri, Espanha.

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A poluição por nutrientes é conhecida há décadas e é considerada uma das principais causas do surgimento de "zonas mortas" nos oceanos - locais com concentrações tão baixas de oxigênio que praticamente impossibilitam a vida.
Ocorre quando substâncias contendo elementos como fósforo e nitrogênio são utilizadas em fertilizantes agrícolas, por exemplo - são arrastadas da terra pela chuva para os rios e chegam ao mar. Lá, causam o crescimento excessivo da população de algas, fenômeno denominado eutrofização.
As mudanças climáticas, por sua vez, agravaram o problema: o aumento da temperatura da água é outro fator que contribui para a redução dos níveis de oxigênio.
De acordo com o estudo, cerca de 700 pontos no oceano estão sofrendo com a redução da concentração de oxigênio. Na década de 1960, esse número não era superior a 45.
O aumento das concentrações de dióxido de carbono na atmosfera intensifica o efeito estufa - os gases absorvem uma parte da radiação que deveria ser dissipada no espaço e mantê-la dentro do planeta.
Os oceanos, por sua vez, absorvem parte do calor. E a concentração de oxigênio na água é sensível à temperatura: quanto mais quente o dia, menor a concentração desse gás, essencial para a manutenção de grande parte da vida marinha.

A Amazônia já é vítima das mudanças climáticas. Uma das manifestações mais claras disso é o aumento da frequência de grandes inundações. Quando analisamos a série histórica do nível do rio Negro em Manaus, a tendência é muito clara. Se compararmos os primeiros vinte anos da sequência do registro histórico (1903 a 1923) com os últimos 20 anos (2001 a 2021), há um claro aumento na frequência de grandes inundações. No primeiro período, foram 11 anos de enchentes acima da média e um ano com níveis acima da cota de 29 metros, considerada cota emergencial em Manaus. No segundo período (2001 a 2021), foram 18 anos de cheias acima da média e seis com níveis acima dos 29 metros. 2021 será provavelmente uma das maiores enchentes da história recente do Rio Negro, superando o recorde dos últimos 118 anos, alcançado recentemente (2012).
Pelo menos dois terços dos municípios amazonenses já sofrem as consequências da enchente, segundo boletim divulgado no início de maio pela Defesa Civil. Alguns municípios encontram-se em situação de atendimento e outros em situação de emergência. Em Nova Olinda do Norte, o rio Madeira já superou a enchente de 2014, a maior da história, e mais de 3.000 famílias foram afetadas. Em Carauari, o rio Juruá já bateu um novo recorde histórico e o município está em situação de emergência. O impacto desses eventos extremos é especialmente forte na Amazônia profunda, marcada por enormes distâncias e pelo isolamento de comunidades e vilas. Alguns municípios do interior estão a mais de 15 dias de barco de Manaus e algumas localidades a mais de quatro dias da sede municipal. Essa é uma realidade completamente diferente do resto do Brasil. As ações de socorro da Defesa Civil nessas áreas são muito mais incipientes e quase sempre abaixo do mínimo razoável. É preciso investir mais em ações de adaptação às mudanças climáticas.
A crescente frequência de eventos climáticos extremos na Amazônia profunda é um caso de injustiça climática. Os povos indígenas e populações tradicionais da Amazônia são os guardiões da floresta, que desempenham um papel fundamental na redução do desmatamento e, portanto, não são responsáveis pelo aquecimento global. Em vez disso, essas populações contribuem para mitigar as mudanças climáticas globais. Como essas comunidades e vilas estão sofrendo os impactos dos eventos climáticos de forma particularmente severa, isso representa um dos casos mais marcantes de injustiça climática em todo o planeta.

No Brasil não é diferente. No Nordeste do Brasil, áreas semi-áridas e áridas sofrerão redução dos recursos hídricos devido às mudanças climáticas. A vegetação semi-árida provavelmente será substituída por vegetação típica da região árida. Em florestas tropicais, a extinção de espécies é provável. 38% a 45% das plantas do cerrado correm o risco de extinção se as temperaturas subirem 1,7 ° C em relação aos níveis pré-industriais. Em áreas não fragmentadas da floresta amazônica, o efeito direto do CO2 na fotossíntese, assim como a regeneração florestal mais rápida, pode ter causado um aumento substancial na densidade de lianas - uma espécie de videira lenhosa - nas últimas duas décadas. O aquecimento de 2,0 ° C a 3,0 ° C acima dos níveis pré-industriais resultará em perda significativa de biodiversidade. O aumento da temperatura e a diminuição da água no solo.
A Amazônia já é vítima das mudanças climáticas. Uma das manifestações mais claras disso é o aumento da frequência de grandes inundações. Quando analisamos a série histórica do nível do rio Negro em Manaus, a tendência é muito clara. Se compararmos os primeiros vinte anos da sequência do registro histórico (1903 a 1923) com os últimos 20 anos (2001 a 2021), há um claro aumento na frequência de grandes inundações. No primeiro período, foram 11 anos de enchentes acima da média e um ano com níveis acima da cota de 29 metros, considerada cota emergencial em Manaus. No segundo período (2001 a 2021), foram 18 anos de cheias acima da média e seis com níveis acima dos 29 metros. 2021 será provavelmente uma das maiores enchentes da história recente do Rio Negro, superando o recorde dos últimos 118 anos, alcançado recentemente (2012).
Pelo menos dois terços dos municípios amazonenses já sofrem as consequências da enchente, segundo boletim divulgado no início de maio pela Defesa Civil. Alguns municípios encontram-se em situação de atendimento e outros em situação de emergência. Em Nova Olinda do Norte, o rio Madeira já superou a enchente de 2014, a maior da história, e mais de 3.000 famílias foram afetadas. Em Carauari, o rio Juruá já bateu um novo recorde histórico e o município está em situação de emergência. O impacto desses eventos extremos é especialmente forte na Amazônia profunda, marcada por enormes distâncias e pelo isolamento de comunidades e vilas. Alguns municípios do interior estão a mais de 15 dias de barco de Manaus e algumas localidades a mais de quatro dias da sede municipal. Essa é uma realidade completamente diferente do resto do Brasil. As ações de socorro da Defesa Civil nessas áreas são muito mais incipientes e quase sempre abaixo do mínimo razoável. É preciso investir mais em ações de adaptação às mudanças climáticas.
A crescente frequência de eventos climáticos extremos na Amazônia profunda é um caso de injustiça climática. Os povos indígenas e populações tradicionais da Amazônia são os guardiões da floresta, que desempenham um papel fundamental na redução do desmatamento e, portanto, não são responsáveis pelo aquecimento global. Em vez disso, essas populações contribuem para mitigar as mudanças climáticas globais. Como essas comunidades e vilas estão sofrendo os impactos dos eventos climáticos de forma particularmente severa, isso representa um dos casos mais marcantes de injustiça climática em todo o planeta.

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